Concelho do Alandroal
Terra de Deuses, Guerreiros e Poetas
O Concelho de Alandroal compreende uma vasta região habitada desde tempos imemoriais, sendo por isso povoada de grandes exemplos de cultura e património.
Do ancestral e importante templo de origem Celta dedicado ao Deus Endovélico (infelizmente destruído sem deixar sequer ruína visitável), até ao santuário cristão da Boa Nova em Terena, existe todo um conjunto de símbolos religiosos e pagãos que determinam que este Concelho seja um dos mais importantes expoentes da cultura material e imaterial da região do Alentejo.
A par deste património que resulta da presença humana, existe outro não menos importante e de origem natural, representado pela grande riqueza ambiental que, talvez devido à protecção de tantas divindades, cresceu e sobrevive com uma exuberância notável.
Mas não foram apenas os deuses a proteger estas terras e, com origem na defesa militar, foram-nos legados dois Castelos (Alandroal e Terena) e uma Fortaleza (Juromenha), que integram um património arquitectónico de grande valor.
Se ainda não conhece estas terras e estas gentes, pode dar início a uma visita virtual que queremos, seja o prelúdio de muitas visitas reais;
“Percorrer o concelho de Alandroal é fazer uma viagem no tempo revisitando as origens e alguns dos mais importantes períodos da história de Portugal.
Começando na Sede do Concelho e subindo à Torre de Menagem do Castelo de Alandroal, os degraus em xisto oferecem-nos uma escadaria sabiamente desenhada por arquitecto mouro, ao serviço de cristãos.
Chegados ao cimo, imaginemos uma qualquer “máquina do tempo” que nos transporte para uma visita no tempo e no espaço destas terras de história viva.
Olhando para poente viajamos até ao muito cristão Monte de S. Miguel da Mota. Ai chegados, recuamos ao período pré-latino e apelamos ao Deus Endovéllicus que nos diga se afinal Viriato foi ou não defensor destas terras, até cair perante o poderio imperial de Roma.
Se não obtivermos a resposta desejada, podemos insistir e visitar o templo da Rocha da Mina, pode ser que o Deus os Lusitanos se encontre por aí e então perguntar-lhe; como foi possível que ele, Endovéllicus, fosse venerado pelos poderosos Romanos que nem os valentes Lusitanos tinham logrado derrotar?
Tendo obtido ou não resposta, poderemos continuar acompanhando a Ribeira de Lucefécit na sua caminhada para sul, aproveitando para procurar nos vestígios do Castelo Velho algo que nos fale da Moira Encantada.
Como provavelmente não vamos ouvir a voz maviosa da citada moira, avançamos no tempo e no espaço visitando o Castelo de Terena e daí mirar o medieval Santuário da Boa Nova, procurando razões para tão estranha forma de construir casa divina.
Visitando o Santuário absorve-nos um ambiente místico de sensações variadas mas continuamos com dúvidas se a sua origem é medieva ou se não terão razão aqueles que acreditam ter a Senhora da Boa Nova reconstruido “casa” mais antiga, outrora morada de outra “senhora” chamada de Ataegina, deusa do Renascimento ( Primavera), símbolo da fertilidade e da natureza.
Conhecendo a beleza e capacidade produtiva das terras envolventes, não seria estranho que fosse resultado de “bênção divina”.
Sem vontade de escolher entre uma “deusa” e uma “santa”, apreciamos a beleza do local e no regaço líquido da Ribeira do Lucefécit, continuamos a descer até ao Rio Guadiana que alimentou gerações nas suas margens e agora os homens transformaram no maior lago artificial da Europa.
Aqui chegados, desaguamos entre margens de Capelins e Rosário, aproveitando para descansar na calma e beleza deste local, onde a ruralidade assume o seu explendor.
Aproveitando para uma “sesta” reparadora, o sonho transporta-nos para o período da ocupação romana e encontramo-nos em plena Villa Romana dos Castelinhos, cujos vestígios arqueológicos podemos procurar quando o grito estridente de uma águia passageira der por finda a nossa “sesta”.
Saboreando mais uma vez a extraordinária beleza envolvente e movidos pela curiosidade, vamos tentar saber a razão de estranhas sepulturas visitando a Anta de Santa Luzia e as Sepulturas Medievais, escavadas na rocha, bem junto à Aldeia do Rosário.
Continuando a perseguir as terras da fertilidade, subimos até ao lugar onde o Guadiana volta a ser rio e onde se fecha a Porta do Grande Lago de Alqueva.
Chegámos a Juromenha!
Descansando da “viagem” por tantos anos de história, as desgastadas pedras da outrora imponente Fortaleza levar-nos-ão (se para tanto tivermos ainda coragem e imaginação) a percorrer as muralhas que outrora foram intransponíveis para invasores vindos da outra margem, fossem eles mouros, romanos ou simples vizinhos espanhóis, à época também considerados invasores.
Exaustos mas encantados, podemos regressar ao nosso tempo e simplesmente observar a beleza impar que nos envolve, vendo sobreiros, azinheiras, aves e animais, usufruir da vida que desde sempre o Guadiana lhes ofereceu.
Nem a passagem de um qualquer barco, por mais moderno que seja, nos retirará a magia e o deslumbramento.
Como se faz tarde e por falar em beber, aproveitemos para saborear um bom vinho do Alandroal acompanhando uma saborosa “caldeta de peixe do rio”, capturado e preparado por mãos experientes de gente portadora de ancestral sabedoria.
Temos finalmente direito a um sono reparador, vigiado por sábios Mochos, que poderá ser conseguido em qualquer monte transformado em hotel de muitas estrelas no céu, com despertar garantido pela “orquestra sinfónica da passarada”.
Na manhã seguinte, estaremos prontos para recomeçar e encontrar outras tantas razões para continuar a viajar pela história e pela vida, sem sair do Concelho de Alandroal."