segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

A Olaia ou Árvore-de-Judas.
Árvore nativa do sul da Europa e sudoeste asiático, comum na Península Ibérica, sul de França, Itália, Grécia e Ásia Menor.
O nome “Árvore-de-Judas” pode ter surgido por se pensar que foi num exemplar desta espécie que Judas Iscariotes se enforcou após ter traído Cristo.
In Blog do Grupo dos Amigos da Tapada das Necessidades.

Nos últimos tempos, o termo Olaia (ou Árvore de Judas), tem feito parte das minhas preocupações.
Começou por ser apenas um motivo de discussão em reunião de Câmara, por causa da proposta de alterações à obra de requalificação da envolvente ao Castelo (Praça da República e Rua João de Deus).
O Presidente propôs, a maioria aprovou e, como é costume, fica tudo bem.
Só que eu, sendo respeitador da legalidade democrática, gosto de entender as coisas, mesmo que continue a discordar.
E, se numa primeira fase parecia que estava tudo explicado; estávamos perante uma mera contrapartida política aos comunistas para que o Presidente da Câmara tenha a maioria que precisava.
Essa é uma explicação mas será que as laranjeiras são assim tão importantes para quem não é produtor de citrinos?
Não, tinha que haver outra razão.
Era demasiado absurdo que a insistência em substituir  Palmeiras e Olaias por Laranjeiras, fosse apenas uma mera contrapartida política, embora por falta de ideias e projectos alternativos se tenha chegado a fazer uma “vigília" (qual missa negra, com velinhas acesas, etc.), como se as laranjeiras fossem um objecto de culto religioso ou elementos fundamentais para a vida dos alandroalenses.
Acabei por encontrar uma razão para que as Palmeiras fossem banidas:
- Embora a Palmeira seja a árvore de embelezamento que no passado era utilizada na nossa região (numa volta pelos montes mais antigos do nosso Concelho, a árvore que encontramos a enfeitar a frente do Monte é a Palmeira), tal como acontece em toda a zona sul da península ibérica (vide sul da Extremadura e Andaluzia, na vizinha Espanha).
- Embora por todo o país se esteja a adoptar a Palmeira como árvore de embelezamento, exactamente por não necessitar de rega e poupar não apenas na água mas também nos custos de instalação e manutenção dos sistemas de rega.
A verdade é que se tornou num símbolo das críticas ao mandato de João Nabais e então, qual exorcismo, aas palmeiras tinham que ser banidas.
Mas continuava por resolver o problema da ex-comunhão das Olaias e isto era para mim um dilema.
De facto, ao substituir também as Olaias, que são árvores de sombra e que estavam previstas para a zona onde se encontra a estátua do Dr. Xavier, plantando aí em troca um autêntico laranjal, não se está apenas a descaracterizar um projecto de requalificação urbanística mas também a inviabilizar que durante vários anos esse espaço seja utilizado como uma zona de sombra, a usufruir por todos, em especial os mais idosos que por ali se concentram.
Para quê colocar bancos que convidam ao descanso, quando não existem lá árvores de sombra?
Será que se prevê que nestas alterações climáticas, o Alandroal deixe de ter um calor tórrido no verão? Dizem os especialistas, que por acção do maldito CO2, vai haver é mais calor.
Então ficou ainda mais claro para mim, que esta alteração é absurda e criminosa do ponto de vista estético e ambiental.
Ainda se admitiria que se colocassem algumas Laranjeiras nos locais onde não se concentram pessoas para usufruir da sombra, fazendo assim alguma transição e sinal de respeito pela memória recente. Agora esta solução não é admissível com um mínimo de razoabilidade.
Depois de tudo isto e por tudo isto continuava sem conseguir encontrar a última razão da minha incompreensão; porquê substituir a sombra das Olaias (onde eu já estava a ver os turistas a descansar e reformados e grupos de amigos, em amena cavaqueira), por um laranjal, em plena praça principal da Vila?


Ao ler a descrição abaixo, encontrei uma explicação possível para o meu dilema.
“O nome “Árvore-de-Judas” pode ter surgido por se pensar que foi num exemplar desta espécie que Judas Iscariotes se enforcou após ter traído Cristo.”

 
É verdade que no Alandroal há "Cristo" e "Judas", mas só no nome..., digo eu.
Alguém estaria com receio de que estas Olaias fossem portadoras de alguma premonição!

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Concelho do Alandroal
Terra de Deuses, Guerreiros e Poetas

O Concelho de Alandroal compreende uma vasta região habitada desde tempos imemoriais, sendo por isso povoada de grandes exemplos de cultura e património.
Do ancestral e importante templo de origem Celta dedicado ao Deus Endovélico (infelizmente destruído sem deixar sequer ruína visitável), até ao santuário cristão da Boa Nova em Terena, existe todo um conjunto de símbolos religiosos e pagãos que determinam que este Concelho seja um dos mais importantes expoentes da cultura material e imaterial da região do Alentejo.
A par deste património que resulta da presença humana, existe outro não menos importante e de origem natural, representado pela grande riqueza ambiental que, talvez devido à protecção de tantas divindades, cresceu e sobrevive com uma exuberância notável.
Mas não foram apenas os deuses a proteger estas terras e, com origem na defesa militar, foram-nos legados dois Castelos (Alandroal e Terena) e uma Fortaleza (Juromenha), que integram um património arquitectónico de grande valor.
Se ainda não conhece estas terras e estas gentes, pode dar início a uma visita virtual que queremos, seja o prelúdio de muitas visitas reais;
“Percorrer o concelho de Alandroal é fazer uma viagem no tempo revisitando as origens e alguns dos mais importantes períodos da história de Portugal.
Começando na Sede do Concelho e subindo à Torre de Menagem do Castelo de Alandroal, os degraus em xisto oferecem-nos uma escadaria sabiamente desenhada por arquitecto mouro, ao serviço de cristãos.
Chegados ao cimo, imaginemos uma qualquer “máquina do tempo” que nos transporte para uma visita no tempo e no espaço destas terras de história viva.
Olhando para poente viajamos até ao muito cristão Monte de S. Miguel da Mota. Ai chegados, recuamos ao período pré-latino e apelamos ao Deus Endovéllicus que nos diga se afinal Viriato foi ou não defensor destas terras, até cair perante o poderio imperial de Roma.
Se não obtivermos a resposta desejada, podemos insistir e visitar o templo da Rocha da Mina, pode ser que o Deus os Lusitanos se encontre por aí e então perguntar-lhe; como foi possível que ele, Endovéllicus, fosse venerado pelos poderosos Romanos que nem os valentes Lusitanos tinham logrado derrotar?
Tendo obtido ou não resposta, poderemos continuar acompanhando a Ribeira de Lucefécit na sua caminhada para sul, aproveitando para procurar nos vestígios do Castelo Velho algo que nos fale da Moira Encantada.
Como provavelmente não vamos ouvir a voz maviosa da citada moira, avançamos no tempo e no espaço visitando o Castelo de Terena e daí mirar o medieval Santuário da Boa Nova, procurando razões para tão estranha forma de construir casa divina.
Visitando o Santuário absorve-nos um ambiente místico de sensações variadas mas continuamos com dúvidas se a sua origem é medieva ou se não terão razão aqueles que acreditam ter a Senhora da Boa Nova reconstruido “casa” mais antiga, outrora morada de outra “senhora” chamada de Ataegina, deusa do Renascimento ( Primavera), símbolo da fertilidade e da natureza.
Conhecendo a beleza e capacidade produtiva das terras envolventes, não seria estranho que fosse resultado de “bênção divina”.
Sem vontade de escolher entre uma “deusa” e uma “santa”, apreciamos a beleza do local e no regaço líquido da Ribeira do Lucefécit, continuamos a descer até ao Rio Guadiana que alimentou gerações nas suas margens e agora os homens transformaram no maior lago artificial da Europa.
Aqui chegados, desaguamos entre margens de Capelins e Rosário, aproveitando para descansar na calma e beleza deste local, onde a ruralidade assume o seu explendor.
Aproveitando para uma “sesta” reparadora, o sonho transporta-nos para o período da ocupação romana e encontramo-nos em plena Villa Romana dos Castelinhos, cujos vestígios arqueológicos podemos procurar quando o grito estridente de uma águia passageira der por finda a nossa “sesta”.
Saboreando mais uma vez a extraordinária beleza envolvente e movidos pela curiosidade, vamos tentar saber a razão de estranhas sepulturas visitando a Anta de Santa Luzia e as Sepulturas Medievais, escavadas na rocha, bem junto à Aldeia do Rosário.
Continuando a perseguir as terras da fertilidade, subimos até ao lugar onde o Guadiana volta a ser rio e onde se fecha a Porta do Grande Lago de Alqueva.
Chegámos a Juromenha!
Descansando da “viagem” por tantos anos de história, as desgastadas pedras da outrora imponente Fortaleza levar-nos-ão (se para tanto tivermos ainda coragem e imaginação) a percorrer as muralhas que outrora foram intransponíveis para invasores vindos da outra margem, fossem eles mouros, romanos ou simples vizinhos espanhóis, à época também considerados invasores.
Exaustos mas encantados, podemos regressar ao nosso tempo e simplesmente observar a beleza impar que nos envolve, vendo sobreiros, azinheiras, aves e animais, usufruir da vida que desde sempre o Guadiana lhes ofereceu.
Nem a passagem de um qualquer barco, por mais moderno que seja, nos retirará a magia e o deslumbramento.
Como se faz tarde e por falar em beber, aproveitemos para saborear um bom vinho do Alandroal acompanhando uma saborosa “caldeta de peixe do rio”, capturado e preparado por mãos experientes de gente portadora de ancestral sabedoria.
Temos finalmente direito a um sono reparador, vigiado por sábios Mochos, que poderá ser conseguido em qualquer monte transformado em hotel de muitas estrelas no céu, com despertar garantido pela “orquestra sinfónica da passarada”.

Na manhã seguinte, estaremos prontos para recomeçar e encontrar outras tantas razões para continuar a viajar pela história e pela vida, sem sair do Concelho de Alandroal."